As vidas dos outros
Mesmo sem efeitos especiais, as vidas dos outros parecem ter sempre mais interesse que a nossa própria (com ou sem razão de ser)...
Se eu me desse ao trabalho de contar, concluiria sem grande dificuldade que passo mais tempo a ouvir as pessoas que me rodeiam a falar das vidas dos outros do que na sua própria.
Será que as suas próprias vidas estão desprovidas de sabor? Será apenas inveja? Ou será porque é sempre mais fácil falar na 3ª pessoa e dar conselhos para problemas que não nos doem a nós?
Anaquim - As Vidas Dos Outros
Eu sou tão bom a falar das vidas dos outros
Há sempre um conselho a dar p'rás vidas dos outros
Nada é eterno e se aguentarmos todo o mal tem fim
É fácil ter calma quando a alma não me dói a mim
Eu sou tão bom a tornar todo o mal inerte
Se é aos outros que lhes custa que o passado aperte
Mas quando a inquietude vem toda para o meu lado
Deita-se, desnuda e não desgruda até me ter vergado
É tão simples quando estou de fora
A ver passar as nuvens pelo ar
Aplaudir, rever-me e concluir
Que eu também já lá estive e...
Já soube ultrapassar
Só a mim é que ninguém me entende
E a minha dor não tem como acabar
Ai quão melhor era acordar um dia
E ter as vidas dos outros todas em meu lugar
As vidas dos outros nunca me soam mal
Vêem problemas no que é no fundo normal
Ai se eles soubessem como é viver assim
As vidas dos outros são tão simples para mim
As vidas dos outros nunca me soam mal
Vêem problemas no que é no fundo normal
Ai se eles soubessem como é viver assim
As vidas dos outros são tão simples para mim
As vidas dos outros são tão simples para mim
Eu sou tão bom a falar das vidas dos outros
Sempre me sei comportar nas vidas dos outros
Volta, revolta, o melhor está para vir
Solta tudo agora, não demora, tornas a sorrir
Eu são tão bom a apagar qualquer mau momento
Se é aos outros que lhes bate à porta o sofrimento
Mexe, remexe, alguma coisa hás-de encontrar
A solução é procurar
Eu sou tão bom a falar
Eu sou tão bom a cantar
Eu sou tão bom a contar as vidas dos outros
Eu sou tão bom a falar
Eu sou tão bom a curar
Tudo menos o meu próprio mal
As vidas dos outros nunca me soam mal
Vêem problemas no que é no fundo normal
Ai se eles soubessem como é viver assim
As vidas dos outros são tão simples para mim
As vidas dos outros nunca me soam mal
Vêem problemas no que é no fundo normal
Ai se eles soubessem como é viver assim
As vidas dos outros são tão simples para mim
1 comentário:
A resposta à tua meditação está dentro do poema: -“É fácil ter calma quando a alma não me dói a mim”.
Apesar desta verdade, não me parece que seja a única e não vejo com muita clareza uma resposta certa sobre os motivos pelos quais se passa tanto tempo a falar dos outros. Muito mais depressa nós somos capazes de elogiar ou criticar as atitudes de terceiros, do que somos capazes de olhar para nós próprios e enaltecer as nossas qualidades e reconhecer os nossos defeitos.
Às vezes os “outros” representam um lado que nos falta ou que queremos perder, e falar disso pode representar uma espécie de exorcismo a esses fantasmas. Talvez seja isto mesmo... se não for por maldade, falar dos outros desvia-nos da responsabilidade de falar de nós!...
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